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sexta-feira, 19 de março de 2021

 Moinho do "Rocha" 

Rebordões Souto - Ponte de Lima

   Na freguesia de Rebordões Souto, concelho de Ponte de Lima, a escassos metros da estrada Nacional 201, na rua de Lobagada, encontra-se um lindíssimo Moinho de Água que, ao que parece, tem sido reabilitado nos últimos tempos. Em conversa com uma moradora, foi possível apurar que o seu último moleiro faleceu há bastantes anos, estando sepultado no cemitério da freguesia. Desde aí deve o Moinho ter ficado entregue à sua sorte e aos caprichos da natureza. O nome desse ilustre moleiro era "Rocha", pelo que assim se chamará este belo exemplar do nosso património industrial. Hodiernamente, a profissão de moleiro vai persistindo em pouquíssimas localidades, em que muitas, a reboque do Turismo, acabam por reabilitar esses espaços, funcionando como centros de interpretação da história local. Enfim, a modernidade foi ditando o fim destes engenhos, tão prementes na manutenção da vida das comunidades, que após colherem o milho e outros cereais, a eles acudiam para obter a preciosa farinha, para fabrico do pão celeste. A força motriz deste engenho advém da água, da corrente do rio que ladeia este antigo Moinho. O rio Trovela é quem lhe dava a vida, e também ele nos proporciona imagens de uma riqueza pitoresca e bucólica, que se espelham nas suas águas límpidas, ziguezagueando pela aldeia, até ali chegar em força, seguindo pelas pequenas quedas de água metros a jusante. Rodeado de um belo cenário, onde as oliveiras nos remetem para o sagrado, é impensável não viajar no tempo, sempre que o espirito investe nesse sentido, esquecendo a vida mundana do século XXI. O Moinho é composto por duas infraestruturas anexas, com telhados de duas águas, uma sobreposta à outra. Ali perto, atravessando o dito rio, encontra-se uma pequena Ponte em alvenaria, que nos leva em direção ao coração da aldeia, onde se situa a magnifica Igreja Românica de São Salvador de Rebordões Souto. Um dos mais belos exemplares da arquitetura religiosa da região.








(Autor: Rui Maia 19-03-2021)


A água chora o seu último moleiro,
com a maquia ficava, era o dinheiro.
A vida quer essa alvorada, no engenho,
memórias, estórias, erguidas, eu tenho.
Minho, verdejante, berço da arquitetura,
moinhos belos tem, que fazem a loucura.
No lugar, de onde brotei, de onde eu sei,
querer estar, infinito, sentindo-me um Rei.

(Rui Maia)





quinta-feira, 18 de março de 2021

 

Documentário sobre o Génio das Megaestruturas em Ferro 

Alexandre Gustave Eiffel

RTP 2 (18-03-2021)

Magnifico!

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Megaestruturas: O Génio de Gustave Eiffel


Viaduto Ferroviário - "Extinto Ramal Ferroviário Valença do Minho - Monção"


   Na freguesia de Troporiz, concelho de Monção, a escassos metros da Ponte Metálica, junto à foz do rio Gadanha, que ali próximo se mistura com as águas do rio Minho, localiza-se um pequeno Viaduto Ferroviário, contemplando uma placa, na qual refere: "CP - DIF - Serviço de Pontes - Oficinas de Ovar - 1980". Quer-me parecer, pela cronologia inscrita, que este tenha sido substituído ou intervencionado na referida data, uma vez que os Comboios iniciaram as suas viagens por estas bandas em 1915, e foram-se embora em 1989. Este pequeno resto da extinta ferrovia, remete-nos para um passado glorioso desta região, onde não só o Alvarinho se faz Rei, mas, também, o seu vasto e riquíssimo Património Industrial, que por entre o verde da natureza, o azul do céu, e a mais fecunda imaginação, colaboram na construção das mais auspiciadas sensações que o Homem pode sentir. A região, por momentos, conheceu os mais significativos melhoramentos que a ferrovia proporciona, seja ao nível económico - social e territorial - consolidando aos vários níveis a coesão das suas comunidades. Aqui, neste local que o paraíso verteu para a Terra, vislumbra-se um dos mais belos cenários, que a arquiteta natureza esculpiu, erguendo o seu jardim celeste. Não admira, portanto, que este Viaduto integre uma das mais belas ecopistas da Europa. Urge votar todas as atenções na boa manutenção destes pedaços de memória, que nos ajudam a edificar a identidade coletiva, tão peculiar por estes lados.


Ai, Minho, quão azul luzente, verde de esperanças,

tuas águas carregam, torcendo arbustos, em tranças.

No dia que me morra, por esta paisagem eu corra,

nas asas de S. Miguel, beijando abelhas, seu mel.

Sons, rasgam o cenário, rio que corre, imaginário,

fonte da mais singela alegria, de meu ser, ideário. 

Ai Minho, como te amo, das entranhas de meu ser,

como queria ser tua água, tua força, teu amanhecer.

(Rui Maia - 18-03-2021)





(Autor: Rui Maia 16-03-2021)




segunda-feira, 15 de março de 2021


RTP faz documentário sobre 150 anos do Caminho de Ferro



Olhar sobre a história de Portugal através da ferrovia, o programa é igualmente um testemunho de vida 
de antigos ferroviários
Foi em 1856 que D. Pedro V inaugurou a primeira linha de caminho-de-ferro, num percurso de 40 quilómetros entre Lisboa e o Carregado. A celebração não correu bem - a locomotiva avariou-se, o comboio atrasou-se e teve que deixar para trás algumas carruagens. Registos da época dizem que houve gente durante a noite, com archotes, à procura dos "náufragos do progresso".Mas, apesar do mau começo e de ter chegado a Portugal com 20 anos de atraso em relação ao resto da Europa, iniciava-se uma autêntica revolução, que Eça de Queirós viria a resumir assim: "Pelos caminhos de ferro que tinham aberto a Península rompiam cada dia (...) torrentes de coisas novas, ideias, sistemas, estéticas, sentimentos, interesses humanitários."
É a história desta revolução que a RTP está agora a preparar em documentário a ser exibido em Outubro. Da autoria de Paulo Costa, jornalista que se destacou com o programa Bombordo (magazine do mar da RTP), o filme é também a história de Portugal nos últimos 150 anos vistos através da ferrovia. 
Com filmagens feitas em todo o pais, é igualmente um testemunho da vida de antigos ferroviários, num tempo em que havia centenas de profissões dentro da velha CP. Paulo Costa entrevistou um antigo guarda-freio, que viajava em guaritas para apertar e aliviar os freios das rodas para evitar que as carruagens se engalfinhassem umas sobre as outras. E recolheu histórias de fogueiros que alimentavam à pazada as fornalhas das locomotivas com toneladas de carvão. 
No caminho-de-ferro de antigamente havia também os impressores de bilhetes ou os relojoeiros (que faziam a manutenção aos relógios das estações), os fabricantes de cordas e oleados que protegiam a carga dos vagões, os jardineiros, operadores de comboios-correio, carpinteiros. Um ex-preso do Tarrafal recorda uma época em que os ferroviários eram uma guarda revolucionária durante o Estado Novo.
"Trata-se de um testemunho do serviço que é prestado pelos ferroviários, que fazem um trabalho pouco conhecido e por vezes ingrato e doloroso. As pessoas não sabem o que é preciso para um comboio andar", diz Paulo Costa, para quem "o comboio tem essa coisa absolutamente fascinante que é o de ser um esforço colectivo, resultante do trabalho desses milhares de pessoas que vivem a ferrovia de forma diferente".
O documentário acompanha a tripulação de um comboio do carvão que parte à meia-noite de Sines e chega de manhã à central do Pego. E mostra uma velha automotora Nohab no Alentejo com três passageiros, um maquinista e um revisor. "Um serviço que é uma coisa que já não existe, que não faz sentido, mas que aquela gente assegura com sentido de missão, que sabe que é preciso manter, na expectativa de que a linha seja modernizada e aquele comboio seja substituído por um Intercidades decente", diz Paulo Costa.
O jornalista produziu em 1982 para o programa Grande Reportagem um documentário de uma hora sobre o caminho-de-ferro em Portugal. Na altura discutia-se o encerramento de linhas, o que veio a acontecer. Por isso, a RTP voltou agora a algumas dessas vias férreas ignoradas para recolher o sentir das populações e sobretudo dos ferroviários que ali trabalharam e coexistem com os carris enferrujados e as estações vandalizadas.
Caminhos-de-Ferro, como singelamente se chama o documentário, tem imagem de Rui Capitão, sonorização de Luís Mateus, edição de Paulo Marcelino e produção de João Barrigana. O apoio científico e técnico foi dado a título gracioso por Gilberto Gomes, da CP, e José Andrade Gil, da Refer. 

(In: Público 11-01-2006)

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 Valença - Ponte Internacional sobre o rio Minho (Revista Branco & Negro , janeiro de 1898)